quinta-feira, 19 de julho de 2012

Pensamentos - capitulo 1

- Sam. Sam. Estás a ouvir?
Sam estava distraído. Nos ultimos dias andava distante de todos, e metade das vezes não se apercebia. Aquele céu, hipnotizava-o com aquelas estrelas brilhantes que lhe sorriam. E aqueles tons de cor a dançar ao som do vento deixavam-o encantado. Ultimamente ele e James iam para a margem do Rio Stour. Umas vezes iam falar sobre os problemas que tinham, mas outras vezes iam para lá, só mesmo para contemplar o céu estrelado que pairava sobre o rio. O Rio Stour, era e é um rio grande mas lindo. Estendia-se cerca de oitenta quilómetros, e toda aquela água era transparente, pura e fresca. Tal e qual como os sentimentos de Sam. Era engraçado como Sam se identificava com o rio. Aquelas águas calmas, tinham um ar triste, que lhes dava um certo encantamento.
- Sam, estás bem? - James estava preocupado com Sam, ele andava estranho e não desabafava com ninguém. Talvez não houvesse nada para desabafar. Talvez só houvesse confusão na cabeça de Sam.
- Hãn? Que foi? - Estava atordoado. James tinha o chamado umas 5 vezes, e ele nem se tinha apercebido.
- Estás distante, tens a certeza de que não se passa nada?
- Sim, tenho. Estava só a deixar-me levar pelo o brilho das estrelas.
As árvores que os cobriam começavam a ganhar tons castanhos, vermelhos e amarelos. A verdade é que estavam lindas. O vento a bater nas folhas, entoava uma espécie de musica que ninguém compreendia. Talvez fosse algo inexplicável. A relva verde, que naquele momento se via escura, estava molhada, e fofa. Um manto que cobria o chão. Mas na verdade era apenas uma mascara que escondia o verdadeiro rosto do chão. Escondia a terra enlameada. Escondia a verdade, como tudo no mundo. Porque sim, no mundo tudo o que é feio é escondido e envolto em beldade, para que se torne mais esbelto.
Eram 9 horas, e já estava escuro, um escuro sinistro. Há uns meses pelas 9 horas ainda era dia, ainda se podia ir para a rua sem medo que alguém aparecesse, vindo do escuro para atacar. Agora em finais de Setembro, o medo da noite voltou-se a instalar nas pessoas.
O frio que aí vinha também não ajudava ninguém a querer sair de casa. Normalmente as famílias queriam se sentar junto da lareira a beber um chá ou um chocolate quente, e a ver filmes de desenhos animados, tapados com mantas e deitados no peludo tapete da sala ou pé dos animais que se encontravam em frente á lareira para se aquecerem.
Sam, não podiam pensar da mesma maneira, porque na verdade nunca teve uma família.